sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo!



Mais um ano se passou e um novo está prestes a iniciar trazendo novos projetos, planos e a expectativa da realização de sonhos ainda não concretizados...

2011 foi o primeiro ano do Blog Música & Saúde e  aproveito para agradecer a participação de todos aqueles nos acompanharam, seja comentando, votando nas enquetes ou simplesmente acessando e lendo. O objetivo do blog é ser, sem grandes pretensões, um veículo que compartilha  informações sobre Música e Saúde, tendo como tema central a Musicoterapia, embora não pretenda se limitar a musicoterapeutas e músicos, mas alcançar todos àqueles se interessam por música e seus benefícios.

Apesar do próximo ano prometer ser ainda mais corrido, o blog continuará postando artigos com conteúdo atualizado e relevante, procurando sempre aprimorar e melhorar  e para isso, conta com a participação de todos seus leitores e amigos. Sejam bem vindos a mais um ano de muita música e claro, saúde!!!

Feliz 2012!!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Leituras para as férias



Neste período do ano muitos podem desfrutar de momentos de descanso, sejam de férias do trabalho ou dos estudos. Para aqueles que tem esse privilégio mas, assim como eu, aproveitam para ler livros que muitas vezes não dão tempo de ler durante o ano, disponibilizo quatro livros para download.

Os livros parecem interessantes e tanto podem ser usados em pesquisas acadêmicas, como para simplesmente agregar  conhecimento a qualquer pessoa que se interesse por música.

O primeiro livro Como Ouvir e Entender Música, de Aaron Copland, pretende abrir o caminho do ouvinte para uma melhor compreensão da audição musical, mas avisa logo no ínicio do livro - "Se você quiser entender música melhor, não há coisa mais importante a fazer do que ouvir música. Não há nada que possa substituir esse hábito. Tudo o que eu tenho a dizer nesse livro refere-se a uma experiência que você só pode obter fora desse livro. Você perderá tempo, provavelmente, ao lê-lo, se não tomar a resolução de ouvir mais música do que ouvira anteriormente. Todos nós, profissionais e não profissionais, estamos sempre tentando aprofundar o nosso conhecimento da música. Ler um livro às vezes ajuda. Mas nada pode substituir a experiência direta da música."


Baixe aqui o livro completo em pdf (81 páginas)



No livro O Futuro da Música Depois da Morte do CD,  organizado por Irineu Franco Perpétuo e Sérgio Amadeu da Silveira, os 16 autores partem da perspectiva da engenharia da produção, da sociologia, da teoria da comunicação, da musicologia, da filosofia e da interpretação e composição musicais, além da própria atividade empresarial. A única base comum dos textos é o reconhecimento das profundas mudanças que a digitalização e as redes informacionais trouxeram para o universo da música. Um dos objetivos da coletânea é mostrar a complexidade e as grandes diferenças teóricas, analíticas e prospectivas que existem entre aqueles que estão pensando o tema.


Já os livros da Série Pesquisa em Música no Brasil, volume I e II  fazem parte de um projeto da ANPPOM  - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música, e tem o objetivo de oferecer perspectivas para o desenvolvimento de novas áreas, examinando a aplicabilidade de novas teorias e lançando novos olhares sobre teorias e objetos de pesquisa já não tão novos.


Pesquisa em Música no Brasil: Métodos, Domínios, Perspectivas. Série Pesquisa em Música no Brasil. Volume 1. organizado por Rogério Budasz 









Criação Musical e Tecnologias: Teoria e Prática Interdisciplinar. Série Pesquisa em Música no Brasil. Volume II. organizado por  Damián Keller e Rogério Budasz.








Lembro que os livros disponibilizados tem acesso autorizado e gratuito para download.

Boa leitura!!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Clive Robbins 1927-2011



Dia 07 de dezembro de 2011 faleceu Clive Robbins, musicoterapeuta, pesquisador e diretor fundador do Centro Nordoff-Robbins de Musicoterapia.


Breve História

Dr. Clive Robbins foi co-autor da Musicoterapia Criativa e o Diretor Fundador do Centro Nordoff-Robbins Music Therapy na Universidade de Nova York. 

Paul e Clive
De 1954 a 1959 ele trabalhou como professor de Classe Especial em casas de crianças na Inglaterra. Em 1959, unindo a experiência em educação especial e anterior estudo musical, iniciou sua colaboração com Paul Nordoff, pioneiro na aplicação de técnicas de improvisação e composição em musicoterapia criando a “Musicoterapia Criativa” mais comumente referido como a abordagem Nordoff-Robbins - que se baseia na filosofia de que "todos possuem uma sensibilidade para a música que pode ser utilizada para o crescimento e desenvolvimento pessoal". Como co-terapeuta, ele participou na exploração de abordagens inovadoras para a terapia individual e de grupo. Compôs músicas, atividades instrumentais, jogos e teatro musical para cumprir as metas de desenvolvimento com crianças de variadas deficiências e patologias.

Ao longo dos dezesseis anos de trabalho em equipe com Paul Nordoff, Dr. Robbins foi continuamente ativo na prática, documentação, estudo, pesquisa e demonstração da musicoterapia criativa com crianças e adolescentes, trabalhando com crianças que apresentavam uma ampla gama de condições incapacitantes: leve a profunda deficiência de desenvolvimento, autismo, distúrbio emocional, esquizofrenia, afasia, dificuldades de aprendizagem, deficiências visuais e auditivas, deficiências físicas e múltiplas.

Em 1974, a saúde de Paul Nordoff começou a declinar vindo então a falecer em 1977. Em 1975, Clive Robbins formou uma nova equipe com sua esposa Carol para continuar o desenvolvimento e a disseminação de trabalho de sua vida. Carol Robbins havia começado seus estudos com Nordoff -Robbins em 1966. Todos os projetos subseqüentes foram feitos em colaboração com Carol Robbins até sua morte em 1996.

Clive Robbins viajou e ensinou extensivamente, adicionando a sua experiência clínica no tratamento, treinamento e projetos de demonstração com crianças e adolescentes na Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia. Ele também ensinou na Austrália, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Irlanda, Nova Zelândia e EUA. Durante estes anos,  ministrou cursos para musicoterapeutas, educadores musicais, músicos e estudantes.

Através de sua prática clínica, ensino, supervisão, palestras, workshops, escritos e apresentações com Paul Nordoff, 1959-1974; Carol Robbins, 1975-1996 e, posteriormente, em colaboração com membros da sua equipe, Clive Robbins tornou-se internacionalmente reconhecido por seu ensinamento de recursos clínicos, sua pesquisa sobre processos musicoterapeuticos, e por seu compromisso com altos padrões de prática clínica, criatividade e musicalidade em musicoterapia.

A nós musicoterapeutas, só nos cabe agradecer o legado deixado pelo Dr. Clive Robbins!

"Com a morte, fecha-se um ciclo, finalmente, depois de tensões e resoluções, síncopes e contratempos, cadências e silêncios, a música da vida encerra-se. Ela, porém, deixa seu legado e continua a soar nos corações e mentes, espalhando mensagens e influenciando as gerações futuras."


Assista um vídeo com uma breve entrevista legendada do Dr. Clive




Para saber mais sobre a abordagem Nordoff-Robbins acesse:
http://gabrielapelosi.blogspot.com/2011/09/amor-primeira-vista-e-o-que-e-nordoff.html

Referências


http://steinhardt.nyu.edu/music/nordoff/staff

Flávia B. Nogueira e Roberta S. B. Florencio. Morte e Espiritualidade na Velhice.  

domingo, 4 de dezembro de 2011

Jogos Musicais - Jogos de aproximação e de apresentação


Em continuidade da série Jogos Musicais, baseados no livro 100 Jogos Musicais - Coleção Práticas Pedagógicas, apresentamos hoje os jogos de desenvolvimento da sociabilidade.

Como nos grupos apresentados anteriormente, os Jogos de Desenvolvimento da Sociabilidade são formados por um conjunto de jogos, subdivididos em:
  • Jogos de aproximação e de apresentação
  • Jogos de comunicação
  • Jogos baseados na confiança
São jogos que buscam reforçar e favorecer a unidade do grupo, bem como a comunicação. De acordo com o jogos escolhido, poder-se-á assistir e desenvolver os processos de dinâmica de grupo e visam:

  • aprender a conhecer-se (auto conhecimento);
  • a pôr-se a vontade (espontaneidade);
  • vencer a timidez;
  • criar um sentimento de segurança;
  • desenvolver a auto confiança;
  • compartilhar os próprios sentimentos assim como dos outros;
  • assumir risco;
  • e tantos outros objetivos que o educador ou musicoterapeuta puder traçar.
Embora estes jogos sejam especialmente concebidos para os primeiros encontros, poderão ser realizados posteriormente, sempre que se considerar a necessidade de um reforço na harmonia do grupo.

Jogos de aproximação e de apresentação
 

São jogos que estimulam a espontaneidade e o prazer  dos participantes, dando-lhes a oportunidade de se aproximarem uns dos outros, evoluindo em uma situação livre e natural.

Caracteriza-se por sua estrutura simples e de curta duração. Normalmente baseiam-se em jogos conhecidos,  como o jogo da cadeira e sempre requerem a participação de todos.

Os jogos

  • Estação pirata -  Materiais Utilizados: instrumentos diversos e um apito - Os participantes são divididos em três grupos - Os emissores, os receptores e os "piratas". Os grupos de receptores e emissores ficarão dispostos em paredes opostas da sala separados pelo grupo de piratas. Os emissores combinam entre si uma canção conhecida que deverá ser transmitida aos receptores dispostos do outro lado, somente a melodia, sem letra. Com a ajuda de um apito, o educador ou musicoterapeuta dá o comando para iniciar a transmissão, ao mesmo tempo, os "piratas" passam a tocar seus instrumentos que somente eles dispõem, afim de que a mensagem não seja reconhecida pelos receptores. Após alguns segundos (cerca de 30 seg.) o apito novamente é tocado dando fim a transmissão. Só então os receptores demonstram se conseguiram reconhecer a canção entoada pelos emissores. Trocam-se os papéis até que todos participem dos três grupos.
  • À Procura da própria canção - Material: Folhas de papel. Antecipadamente, o educador/musicoterapeuta escreve o título de três canções bem conhecidas (Ex Marcha Soldado, Atirei o pau no gato, Cai cai balão) dividindo nos papéis em partes iguais (se possível). É importante que cada canção seja escrita mais de uma vez. Distribui-se as folhas dobradas para cada participante e ao comando do mediador, todos passam a cantar a canção escrita na folha recebida ao mesmo tempo que caminham pela sala. O objetivo é reconhecer  quais estão cantando a mesma canção, e ao fim do jogo, três grupos deverão estar reunidos.
  • Apanhemo-nos com música - Material: Apito ou flauta. Este jogo deverá ser realizado em um espaço amplo, de preferencia em campo aberto como uma quadra ou jardim. O espaço deve ser delimitado e divido em dois, como num campo de queimada. Divide-se os participantes em dois grupos. Um participante é escolhido para iniciar o jogo tocando a flauta ou apito. Este jogador deve tomar folego e sustentar uma nota pelo máximo de tempo sem pausas. Enquanto soa a nota, lhe é permitido passar ao campo 'adversário' e apanhar o máximo de 'inimigos' que conseguir (os inimigos tocados sairão do jogo).  Aos inimigos é permitido fugir, porém, sem sair do seu campo. Quando o participante que está tocando o instrumento sentir que não aguenta mais soar a nota, deve imediatamente voltar para a segurança do seu campo, caso não consiga chegar ao seu campo a tempo, será desclassificado e seus prisioneiros poderão voltar aos seus próprios campos e continuar o jogo.

Os jogos propostos são apenas sugestões e podem ser alterados e adaptados, conforme a clientela, o número de participantes, a faixa etária e os objetivos.

É isso, bom trabalho a todos!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Encontro Paulista de Musicoterapia 2011




Domingo, dia 27 de novembro ocorreu o Encontro Paulista de Musicoterapia de São Paulo com o tema: Encontrando a Musicoterapia de São Paulo.
Foi um evento que apresentou propostas diferentes das normalmente tratadas em encontros do gênero. Diferentes, mas não menos importantes. O tema central  foi a presença da musicoterapia no setor público. Embora tenhamos comemorado neste ano o ingresso do musicoterapeuta como profissional atuante no SUAS, sabemos que será preciso conquistar o espaço, já que na prática, a musicoterapia ainda não se faz presente nos setores atendidos pela assistência social, portanto, compreender o funcionamento do setor público é imprescindível para a classe.

No encontro, esta temática foi abordada por profissionais atuantes, os quais passaram informações importantes a respeito do funcionamento da rede pública, bastante pertinente aos musicoterapeutas presentes.

Os palestrantes

A primeira palestrante, a professora Sandra Gomes, é fonoaudióloga, especialista em gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, ex-Coordenadora-Geral dos Direitos do Idoso da Secretaria dos Direitos Humanos, da Presidência da República; consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e membro da Câmara Técnica da Saúde da Pessoa Idosa.
Com o tema Musicoterapia, um exercício pleno de cidadania, Sandra falou, entre outras coisas, sobre a importância dos musicoterapeutas se apresentarem muito bem fundamentados, não só no que diz respeito às suas práticas clínicas, mas dotados de conhecimento político.

Sandra Gomes

A palestra seguinte foi apresentada pela musicoterapeuta Ana Carolina R. C. Domingos - Musicoterapeuta graduada, pós-graduada em Reabilitação Gerontológica, pós-graduada em Psicoterapia Corporal.
A  Carol relatou a sua experiência na gestão de uma instituição de atendimento público - O CCA (Centro para Crianças e Adolescentes Jova Rural 2), na qual é gerente. Apesar do CCA ainda não contar com o atendimento de um musicoterapeuta, o "olhar"  musicoterapêutico da Ana Carolina contribui para uma gestão humanizada e sensível às problemáticas.

Mt Ana Carolina

Na sequencia, o musicoterapeuta Paulo Ricardo Bitencourt apresentou a palestra Musicoterapia – “Das clínicas à vida” – uma experiência em construção. Paulo é Musicoterapeuta, Educador pelo Centro de Referência do Idoso da ZN ( CRI-ZN), Especialista em Teorias e Técnicas para Cuidados Integrativos, UNIFESP, Especialista em Psicologia Política, Políticas Públicas e Movimentos Sociais, USP -EACH e Mestrando em Mudança Social e Participação Política, USP -EACH. Entre os temas abordados, Paulo falou do seu trabalho em uma instituição de referência - O CRI-ZN.
O C.R.I. - Centro de Referencia do Idoso da Zona Norte - é uma parceria entre o governo do Estado de São Paulo e a Associação Congregação de Santa Catarina.


Mt Paulo Ricardo Bitencourt 

Com o tema Políticas Públicas Sociais, o psicólogo e especialista em Psicologia Social e em gestão de Politicas Públicas Sociais,  Nivaldo Bernardo Máximo passou informações atualizadas sobre as políticas sociais na cidade de São Paulo. Nivaldo possui experiência profissional em gestão de equipamentos sociais atuando por 25 anos em diversas áreas: crianças, adolescentes e idosos.  Atualmente é Supervisor Regional de Assistência Social da região administrativa do Jaçanã/Tremembé. 

Nivaldo Máximo

As últimas palestras do encontro foram dos musicoterapeutas Lilian Engelmann  - graduada em Musicoterapia pela Faculdade Marcelo Tupinambá (1992) e mestrado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002). Atualmente é professora de musicoterapia da Faculdade Paulista de Artes e da pós-graduação em musicoterapia da Faculdade Olga Metting) - e Roger Carrer - Músico, graduado em Musicoterapia pela Faculdade Paulista de Artes - SP (2007). Técnico de áudio pelo CDA-Faculdade Souza Lima (2003). Pesquisador na área de Musicoterapia Vibroacústica e Música Ansiolítica com diversas condições clínicas e não clínicas.

A professora Lilian mencionou os eventos ocorridos em 2011: Congresso Internacional de Musicoterapia, Seoul, Korea e o XI ENPEMT – Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia. Também abordou os 5 Perfis do Mt Brasileiro e as expectativas para o próximo, como a Reatech 2012. Já o Mt Roger levantou algumas questões como Pesquisa em musicoterapia e a forma como os musicoterapeutas elaboram seus currículos Lattes.

Mt. Roger Carrer



Profa. Lilian e eu


Fontes:

Hotsite da apemesp: http://www.forum-apemesp.com/

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Construção de Instrumentos e Musicoterapia




A construção de instrumentos musicais é um recurso bastante utilizado pela educação musical, especialmente na musicalização infantil.  Ao estimular a pesquisa, a imaginação, o planejamento, a organização e a criatividade; a construção também pode ser uma ferramenta interessante  para a musicoterapia, sendo um ótimo meio para desenvolver nos participantes de qualquer idade, a capacidade de elaborar projetos. 

Construção de Instrumentos em Musicoterapia

Embora o uso de instrumentos construídos à partir de sucata e outros materiais não ser aceito por todos os musicoterapeutas, encontramos na literatura autores que defendem a confecção de instrumentos durante o processo terapêutico.
 Para Benenzon (1988), os instrumentos criados são aqueles fabricados ou improvisados pelos pacientes ou pelo musicoterapeuta. Esses instrumentos são fabricados com quanto e qual material se encontre na vida cotidiana do paciente.
Para o autor um instrumento musical será de interesse para a Musicoterapia se tiver as seguintes características:
  • Simples manejo;
  • Fácil deslocamento; 
  • Grande potencia sonora;
  • Que tenda à expansão e não à introversão; 
  • Que suas possibilidades sonoras sejam de estruturas rítmicas, melódicas, inteligíveis e claras; 
  • Que a sua simples presença seja suficiente estímulo como objeto intermediário.
A variedade de instrumentos que podem ser construídos são diversas e dependem de alguns critérios básicos:
  • Grau de dificuldade na construção - estar atento às limitações do paciente/cliente;
  • Recursos materiais acessíveis;
  • Disponibilidade de tempo.                                                                                                                            
Entre os instrumentos mais simples está o  chocalho. A facilidade na confecção e acesso a variados materiais  - latinhas, potes, tubos de papel, grãos diversos, pedrinhas, tampinhas, entre outros; além da variedade de timbres resultantes dos materiais diversos utilizados, faz com que seja um  dos instrumentos mais acessíveis.


Chocalhos de Latinhas


Nos vídeos abaixo, veja como construir instrumentos mais elaborados:




Flauta de Pã

Flauta em Si em em Dó

Tamborim


Flauta de Êmbolo

Metalofone



Quando utilizada em musicoterapia, é importante ressaltar que a construção de instrumentos musicais deve fazer parte do processo terapêutico, e não substituem a aquisição de instrumentos de qualidade no setting musicoterapêutico.



Referências:

FLORENCIO, Roberta S. B, MAGALHÃES, Natália Elisa. Dos Rolinhos aos Chocalhos: Como a Sucata se Transforma em um Importante Instrumento Terapêutico. 

TANGARIFE, Ana Sheila, PETERSEN, Elizabeth, MOUTA, Dayse, Dr.JERMANN, Paulo Eugênio.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Semana da Música no Conservatório de Tatuí


Dia 22 de novembro é comemorado o dia da Música e dos Músicos. A data escolhida  para a comemoração coincide com o dia de Santa Cecília,  que desde o século XV, é considerada padroeira da música sacra.

Segundo a tradição, Santa Cecília cantava com tanta doçura que um anjo desceu do céu para ouvi-la. Hoje ela é consagrada internacionalmente como a padroeira da Música e dos Músicos.
Para comemorar a data, todos os anos eventos musicais são organizados em todo o país, de música popular à erudita.

Na postagem de hoje, falaremos da Semana da Música do Conservatório Dr Carlos de Campos. Localizado em Tatuí, minha cidade natal, o evento apresentará concertos de alta qualidade, todos com entrada franca.

Com  elevado nível de ensino, o Conservatório tem reconhecimento internacional, tanto que a escola, localizada a 130 km da Capital paulistana, concentra estudantes de São Paulo, de outros 20 estados brasileiros e, ainda, de países da América Latina, Estados Unidos e toda a Europa. Além de oferecer excelência em ensino, o Conservatório de Tatuí notabiliza-se ao organizar eventos de alta qualidade.


Conservatório de Tatuí apresenta a 51ª Semana da Música de 20 a 26 de novembro
Evento mais antigo da instituição voltará a ter alunos como solistas dos grupos pedagógico-artísticos

O Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos realiza a 51ª Semana da Música, entre os dias 20 e 26 de novembro, com os grupos pedagógico-artísticos recebendo os alunos da instituição como solistas, ideia que foi retomada pela direção do Conservatório de Tatuí.

A Semana da Música teve aos poucos sua característica alterada ao longo dos anos e, em 2011, a atual direção indicou que seria interessante voltar a ter alunos como solistas e destacar os resultados do aprendizado. Os critérios para seleção dos solistas foram variados, mas, em geral, os coordenadores de grupos, juntamente com os respectivos coordenadores de área, realizaram concursos internos.
“É uma chance de os alunos se exporem, colocarem-se à prova. Uma apresentação frente a uma orquestra vale por mil lições, além de ser uma marca de qualidade no currículo. É um ótimo começo para os mais adiantados. Com isso, eles podem candidatar-se a outros conjuntos, tentar concursos em orquestras profissionais já tendo esse diferencial. É para poucos”, afirmou o diretor-executivo do Conservatório de Tatuí, Henrique Autran Dourado. A Semana da Música foi criada pela então diretora do Conservatório de Tatuí, Yolanda Rigonelli, como forma também de homenagear o Dia do Músico e a Padroeira dos Músicos, Santa Cecília - datas celebradas nacionalmente em 22 de novembro.

Programação

A programação será extensa, ressaltando o enfoque pedagógico da instituição. No dia 20 de novembro, a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí fará o encerramento do III Prêmio Incentivo de Música de Câmara e a abertura da 51ª Semana da Música. Marcely Rosa e Paulo Rochel se apresentarão com a Camerata de Violões no dia 21 de novembro. No dia 22, às 20h30, será a vez de a Jazz Combo apresentar seu espetáculo. No dia 23, o Grupo de Percussão acompanhará um aluno da mesma área.

O Grupo de Choro e o Grupo de Performance de Palco sobem ao palco do Teatro Procópio Ferreira no dia 24 de novembro, assim como a Big Band, no dia 25. O último dia da 51ª Semana da Música está reservado para o Grupo de Performance Histórica e Banda Sinfônica.

Todos os concertos têm entrada franca e serão realizados no Procópio Ferreira, às 20h30. A única exceção é a apresentação do Grupo de Performance Histórica, marcado para as 16h. Mais informações pelo site www.conservatoriodetatui.org.br ou pelo telefone (15) 3205 8444.

sábado, 5 de novembro de 2011

Filosofia e Música





Na postagem de hoje, veremos um trecho da entrevista que o filósofo Vladimir Safatle  concede à revista Psique n. 70, no qual fala sobre a Filosofia da Música.

Professor livre-docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Vladimir Safatle é autor de obras como Fetichismo: colonizar o Outro, Cinismo e falência da crítica, Lacan e A paixão do negativo: Lacan e a dialética. O pensador desenvolve reconhecido trabalho em diversos campos, que vão da epistemologia da Psicanálise à Filosofia da Música.


Entrevista
Por Fernando Savaglia

Outra área de seu interesse é a música. Uma de suas abordagens diz respeito a traçar uma relação entre música e política?
Safatle - As reflexões formais das obras de arte têm um forte papel indutor  na nossa concepção dentro da vida política. Uma forma musical é um sistema de decisões de uma série de variáveis, por exemplo, sobre a racionalidade ou irracionalidade; quando você decide o que é som e o que é ruído; decisão sobre organização do tempo,  espaço, identidade, diferenças. Estabelece-se isso a partir de dissonâncias e consonâncias, o que é uma contingência, desenvolvimento, acontecimento. Todos esses conceitos, unidade, síntese, ordem, diferença, não só conceitos estéticos, mas  políticos também; eles organizam nossa maneira de pensar politicamente. As obras são políticas, não quando têm temas políticos, aí elas não são nem obra de arte, mas peças de propaganda. Elas têm força política quando falam delas mesmas, de suas formas; aí desenvolvem outra ordem possível, de outro modo possível de estruturação, de outro modo possível de visibilidade.

A seu ver, a música seria uma ferramenta capaz de provocar no homem um sentimento de reencontro com a espiritualidade?
Safatle - Existe uma mitologia musical muito forte, que vem principalmente do romantismo alemão, no que diz respeito à música como veículo privilegiado da manifestação do sublime. O sublime seria uma ideia da  razão inadequada a toda representação. É comum se apontar a música como tal, pois ela é uma linguagem sem representação, isto é, sem vínculo com a linguagem ordinária. Se pegarmos um trecho de uma sinfonia de Schubert, por exemplo, como podemos definir que sentimento é aquele? É contemplação? Paz? Tristeza? Melancolia? Esse caráter indeterminado da música era visto não como uma carência da linguagem, mas como uma força, isto é, ela está para além de toda e qualquer linguagem, que se assenta sobre uma representação. Daí a ideia da experiência do sublime. Não desconsidero esta experiência do ponto de vista pessoal de cada um. Por outro lado, não tenho muito a dizer, porque não é minha experiencia.

É possível, então, afirmar que outras formas de composição fora do universo tradicional da música tonal, como o atonalismo, música eletroacústica e a música serial, refletem uma maneira filosófica peculiar de seus respectivos compositores de estar no mundo?
Safatle - Acho, antes de tudo, que é um desenvolvimento interno da própria linguagem musical.Que isso tenha consequências mais amplas para a forma de pensar de uma época é natural. A música sempre teve essa capacidade. Ela tem uma contradição, que é ser vista ao mesmo tempo como a mais intuitiva e a mais racional das artes. Dependendo de onde você está, você pode ter duas visões diferentes. Em alguns momentos, ela nos parece a mais próxima expressão imediata do eu e, em outros, ela pode se parecer como um quebra-cabeça intelectual. O fato é que a história das formas musicais é um setor da história da razão. Impossível entender como essas formas vão se modificando na mesma época. É um equívoco de certas correntes filosóficas não entender que a estética é um setor da história da razão.

Em sua opinião, porque o dodecafonismo ou o atonalismo causam certo desconforto em muitos ouvintes? É um fato cultural ou inato?
Safatle - O compositor Steve Reich diz que todo  pensamento é tonal. Não existe tradição no mundo que não tenha pulsação regular e centro tonal. Na minha visão, diria que nossa vida social é tonal, no sentido que ela tende a se organizar como uma sonata que compartilha dessa imagem que existe, um modo de desenvolvimento, um modo de organização, enfim, toda uma narrativa que se organiza mito própria do sistema tonal. Existem tensões latentes da vida social que as obras de arte podem expor de maneira manifesta. Muitas vezes elas são os únicos espaços onde isto pode ser posto. Nesse sentido, elas têm uma função política muito importante.

Como vê a relação do Brasil com sua música?
Safatle - Existe algo estranho no sistema cultural brasileiro, que é a ideia de que vivemos num país eminentemente musical, sendo que a música brota da terra. Ela,a música, não precisa ser pensada e seria a prova maior de nossa imanência com o gozo solar, absolutamente presente, e que é exalada dos poros de todo e qualquer cidadão nascido neste país. Essa imagem ideológica, profundamente arraigada em nós, acabou nos fazendo incapaz de pensar música. Mesmo Villa-Lobos, nosso maior compositor, se justificava com esse argumento, dizendo que a música vinha com a catarata, com a natureza, etc. É  um discurso ideológico que diz respeito muito mais ao como gostaríamos de sermos vistos do que realmente aquilo que a música é.


Referências:

SAVAGLIA, Fernando. Entrevista: Vladimir Safatle - Entre Lacan e Adorno. Revista Ciência e Vida: Psique. São Paulo: Editora Escala, Ano VI. n. 70. p. 06-11, 2011.

Foto: Ralph Baiker.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Relatórios Musicoterapêuticos



Todo musicoterapeuta sabe a importância (ou assim deveria) que os relatórios das sessões exercem durante todo o processo terapêutico.

No sentido etimológico da palavra, relatório significa descrição minuciosa dos fatos, tendo como raiz o verbo relatar, do latim "relatum", ou seja, expor, descrever. Do ponto de vista musicoterápico, podemos dizer que um relatório consiste em um conjunto de informações organizadas, as quais permitem avaliar as atividades realizadas, funcionando assim, como uma documentação oficial do trabalho desenvolvido.

Além disso, permite medir as vantagens e desvantagens relativas ao uso de determinados recursos e procedimentos, apresentando os objetivos programados e o seu o alcance ou não. Constitui-se no relato, por escrito, de um conjunto de fatos que ocorreram num determinado espaço de tempo, circunstanciados pelos recursos humanos e materiais. (BARCELLOS, 1999)

Portanto, a realização de relatórios escritos representa uma ferramenta preciosa durante todo o processo, já que muitas vezes, é no momento que paramos para escrever que percebemos, de forma mais consciente, o andamento das sessões. Além dessa melhor visualização do processo, manter o arquivamento em forma de relatórios  é de grande ajuda, não apenas para o planejamento das  sessões futuras, como para outros profissionais que posteriormente possam atender este mesmo paciente.

Modelos de Relatórios

São  diversos modelos de relatório, e essa variedade se dá de acordo com os objetivos e finalidades. Um relatório que será enviado para a equipe mantenedora de uma instituição não poderá ser o mesmo que será enviado a outro musicoterapeuta, ou um relatório enviado para um médico não será o mesmo enviado a família, para citar alguns exemplos. O musicoterapeuta deve ter discernimento para melhor adaptar os seus relatórios utilizando uma linguagem adequada às diversas finalidades.

Apesar da importância dos relatórios, é fato também que eles demandam tempo extra sessão para preenchê-los. No caso do relatório musicoterapêutico, muitas vezes há a necessidade de transcrever partituras, o que torna o trabalho ainda mais árduo.

O Modelo de relatório abaixo é bastante reduzido e descreve informações básicas, porém, importantes. Eu utilizei este modelo na minha pesquisa de conclusão de curso e acabei adotando nos meus atendimentos posteriores. Apesar das informações se mostrarem reduzidas, apresenta de uma forma clara várias sessões do processo, tornando a visualização fácil. Outras informações devem ser acrescentadas no relatório evolutivo.

Relatório em Forma de Tabela (Nesta tabela, descrevo um processo terapêutico de 20 sessões com um grupo de idosos)


SESSÃO
OBJETIVO DA SESSÃO
ESTRATÉGIA
UTILIZADA
INSTRUMENTO MUSICAL UTILIZADO
PROCEDIMENTO
1 – 2
Selecionar grupo
Conversas informais
-
Entrevista inicial[1]
3
Esclarecer quanto aos objetivos da pesquisa
Reunião com o grupo e esclarecimentos.
-

4 – 7
Realizar as avaliações
Avaliações individuais
Teclado e pandeiro
MEEM e Avaliação musicoterapêutica
8
Desenvolver a atenção. Estimular a memória.
Atividade com palavras. Organização rítmica
Pandeiro
Escuta Eurrítmica e escuta para ação[2]
9
Estimular memória, percepção auditiva e linguagem
Ativ descriminação auditiva. Entoação canções
Teclado e pandeiro. Aparelho de Cd.
Relaxamento Musical, Escuta Perceptiva e Escolha de Canções.[3]
10
Estimular a memória remota e recente
Entoação de canções conhecidas pelo grupo e aprendiz nova canção.
Teclado e violão
Escuta para a Estimulação
11
Estimular a expressão e a memória
Apresentação de vários instrumentos para serem usados no  acompanha -mento das canções
2 Teclados, pandeiro, afoxé, flauta, flauta de embolo, ganzá, cítara e violão.
Movimento Projetivo com Música e Escuta Projetiva.[4]

12
Estimular a expressão, memória autobiográfica e a linguagem
Selecionar canções que sejam significativas para o grupo
Teclado, 2 violões, ganzá, afoxé, cítara, berimbau, pandeiro, pau de chuva,acordeom
Escolha de Canções e Movimento Projetivo com Música.

13
Selecionar repertório.

Apresentação de várias canções para escolha
Teclado, violão, ganzá, afoxé, cítara, berimbau, pandeiro, pau de chuva, acordeom.
Escolha de Canções e Movimento Projetivo com Música
14
Estimular a memória, percepção e a autoexpressão
Atividade de discriminação auditiva com canções

Teclado, violão, ganzá, afoxé, cítara, berimbau, pandeiro, pau de chuva, acordeom.
Escuta perceptiva.

15
Estimular a percepção e memória
Reconhecimento de canções e cantores através de audição de gravações selecionadas
Teclado, ganzá, afoxé, cítara, pandeiro, pau de chuva.
Escuta perceptiva, Escolha de canções e Reminiscência Musical com canções.





[1] BARCELLOS, 1999, p. 15-23.
[2] BRUSCIA, 2000, p. 131.
[3] Ibidem, p. 130, 131, 133.
[4] Ibidem, p. 132, 133.

A tabela completa encontra-se na minha monografia (link abaixo)

Relatório Evolutivo ou Progressivo

Um relatório evolutivo deve conter dados além da simples descrição. Itens como:
  • Condições sócio afetivas (agressividade)
  • Condições motoras
  • Condições e reações psicomotoras (hipo ou hiper atividade, estereotipias)
  • Interesses especiais
  • Criatividade
  • Efeitos da atividade (BARCELLOS, 1999)
Outros itens que o musicoterapeuta considerar importante podem ser acrescentados. Sempre que possível e necessário, deve-se anexar a partitura contendo a produção musical do paciente. Você poderá para isso, utilizar os diversos softwares disponíveis (veja aqui uma opção gratuita). 

É isso amigos, bom trabalho a todos!


Referências:

BARCELLOS, Lia Rejane. Cadernos de Musicoterapia 4.  Rio de Janeiro: Enelivros, 1999.

BRUSCIA, K. Definindo Musicoterapia. São Paulo: Enelivros, 2000.
___________. Improvisational Models of Music Therapy. 1987
NOGUEIRA, Flávia B. MUSICOTERAPIA E GERONTOLOGIA:Estimulação da eficácia cognitiva em idosos institucionalizados. Trabalho de conclusão de curso. São Paulo: Faculdade Paulista de Artes, 2010.





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