quarta-feira, 11 de julho de 2012

O que é (ou não) Musicoterapia?



A postagem de hoje visa esclarecer questões que cercam a prática da musicoterapia.

"A musicoterapia é um processo sistemático de intervenção em que o terapeuta ajuda o cliente a promover a saúde utilizando experiências musicais e as relações que se desenvolvem através delas como forças dinâmicas de mudança" (BRUSCIA, 2000 p.22)

Assim, a musicoterapia consiste em um processo sistemático com objetivos e propósito, fundamentada em conhecimentos, organizada e regulada. Portanto, a utilização da música de forma aleatória e não estruturada, ainda que traga benefícios a uma pessoa, não pode ser considerada musicoterapia.

A música não é propriedade do musicoterapeuta (ou do músico), longe disso. A utilização da música é, e deve ser, propriedade da humanidade. Porém, a utilização indiscriminada do termo musicoterapia vai na contramão da consolidação da profissão.

Muitos tem utilizado inadequadamente a palavra musicoterapia para definir qualquer utilização benéfica da música sobre o ser humano. Porém, ainda que o efeito de  atividades musicais tragam benefícios para uma pessoa, chamar tal uso de musicoterapia requer alguns critérios.

O que NÃO é musicoterapia


Como vimos acima, o uso da música pode ser feito por todas as pessoas, assim como usufruir dos seus benefícios (que são muitos). Porém, apesar de benefícios, muitos até recomendáveis, não é musicoterapia:

  • o uso da música para relaxar;
  • fazer aula de música; 
  • cantar  uma música ao som de um instrumento;
  • aula de música para pessoas especiais;
  • a audição de uma música no rádio do carro ou em casa;
  • a execução de uma peça instrumental;
  • uso de som ambiente (como em consultórios, elevadores, etc)
  • canto e música em Hospitais;
Assim, apesar dos efeitos positivos que as atividades acima possam proporcionar, não as consideraremos musicoterapia (embora possam fazer parte da musicoterapia).

Quando É musicoterapia

Para  ser considerado musicoterapia, este processo requer  a intervenção de um musicoterapeuta. Segundo Bruscia, quando a música é utilizada sem um musicoterapeuta, o processo não é qualificado como musicoterapia, então, sem um musicoterapeuta, não há musicoterapia. 

Porque?

Em um processo musicoterapêutico, do ponto de vista dos procedimentos, a musicoterapia constitui-se de três fases: avaliação diagnóstica, tratamento e avaliação. (BRUSCIA 2000, p. 22) Ainda que outros profissionais possam se identificar com as fases citadas por Bruscia, estas tratam de abordagens específicas, nas quais se utilizam de métodos e técnicas próprias da musicoterapia.O ponto chave observado pelo musicoterapeuta é a relação do indivíduo atendido (paciente,/cliente) com a música. Assim, desde a entrevista inicial até a avaliação final, são especialmente as respostas musicais do indivíduo durante as sessões que fornecem os elementos necessários para o musicoterapeuta traçar objetivos, intervenções, abordagens e alta. Segundo o painel de descrição que estabelece as qualificações do musicoterapeuta (DACUM 2010), entre outras capacitações, o musicoterapeuta deve ser capaz de estabelecer diagnóstico musicoterapêutico e efetuar leitura musicoterapêutica. Assim, o único profissional preparado para compreender todas as fases de um processo musicoterapêutico é o musicoterapeuta.

Quem é o musicoterapeuta

É um profissional de nível superior que passa, na graduação, por quatro anos de faculdade e centenas de horas de estágio. Além da graduação em musicoterapia, há também os cursos de pós graduação que formam especialistas em musicoterapia. 

Cursos rápidos (de 80, 40 horas, ou até menos!) e Workshops  não  formam e muito menos qualificam musicoterapeutas!
Nossa profissão é séria e com sólida fundamentação científica. Precisamos batalhar para que o nome Musicoterapia se estabeleça e seja visto com respeito pela sociedade e outros profissionais da saúde.

Então, se você não é um musicoterapeuta e utiliza a música em seu trabalho, tudo bem, continue usando!  Só pedimos, para o bem da profissão musicoterapia, não utilize esse termo, ok?


Abraços!

Referências


BRUSCIA, Kenneth E. Definindo Musicoterapia.Rio de Janeiro: Enelivros, 2000.

DACUM. Painéis de Descrição e Validação. São Paulo: UBAM, 2010.



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